«- Ora não é no momento em que chegar a notícia do desastre - voltou ainda Fouché - que iremos organizar os clubes, despertar o patriotismo e alterar a constituição. O nosso 18 de Brumário deve estar pronto.
«- Deixemos obrar o ministro da polícia - interveio o diplomata c=, e desconfiemos de Luciano (Luciano Bonaparte era então ministro do Interior).
«- Eu me encarregarei de o prender - disse Fouché.
«- Meus senhores - exclamou Sieyês -, o nosso Directório não ficará sujeito a mutações anárquicas. Organizaremos um poder oligárquico, um Senado vitalício, uma Câmara electiva, nas nossas mãos... saibamos ao menos aproveitar as lições do passado.
«- Com esse sistema, estarei em paz - observou o bispo.
«-- Arranje-me um homem de confiança para comunicarmos com Moreau, pois o exército da. Alemanha será o nosso único recurso! - exclamou Carnot, que estivera mergulhado em profunda meditação.
«Com efeito - voltou De Marsay, após uma pausa - estes homens tinham razão, meus senhores! Foram grandes naquela crise e eu teria feito o mesmo.
«- Meus senhores!... - exclamou Sieyês, num tom grave e solene - disse De Marsay, retomando a sua narrativa.
Estas palavras Meus senhores! foram inteiramente compreendidas: todos os olhares exprimiam uma mesma fé, a mesma promessa, a de um silêncio absoluto, de• uma solidariedade completa no caso de Bonaparte voltar triunfante.
«- Todos sabemos o que temos a fazer -acrescentou Fouché.
«Sieyes puxara cautelosamente o ferrolho; o seu ouvido de padre não o enganara. Luciano entrou.
«- Boas notícias, meus senhores! Um correio acaba de trazer à Senhora Bonaparte duas linhas do Primeiro Cônsul: começou com uma vitória em Montebello.
Os três ministros entreolharam-se.