Um Caso Tenebroso - Cap. 22: XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS Pág. 245 / 249

«- Uma batalha geral! - perguntou Carnot.

«- Não, um combate em que Lannes se cobriu de glória. O recontro foi sangrento. Atacado, dez mil homens contra dezoito mil, foi salvo por uma divisão enviada em seu socorro. Ott está em fuga. Enfim, a linha de operações de Mélas foi cortada.

«- Quando se deu" o combate? - perguntou Carnot.

«- No dia 8 - respondeu Luciano.

«- Estamos a 13 - continuou o sábio ministro -; pois bem, é de crer que os destinos da França estejam em jogo no momento em que conversamos. (Com efeito, a batalha de Marengo começara no dia 14 de Junho de madrugada).

«- Quatro dias de mortal expectativa! - disse Luciano.

«- Mortal? - voltou o ministro das relações exteriores friamente e com um acento interrogativo.

«- Quatro dias - repetiu Fouché.

«Uma testemunha ocular garantiu-me que os dois cônsules só tiveram conhecimento destes pormenores na altura em que aqueles seis personagens voltaram para o salão. Eram então 4 horas da manhã. Fouché foi o primeiro a partir. Eis o que fez, com uma infernal e surda actividade, este génio tenebroso, profundo, extraordinário, pouco conhecido, mas que tinha, por certo, um génio igual ao de Filipe II, ao de Tibério e de Bórgia. O seu comportamento, aquando do caso de Wal. cheren, foi o de um militar consumado, de um grande político, de um administrador previdente. Foi o único ministro digno desse nome que teve Napoleão. Sabem que nessa altura chegou a assustar o próprio Napoleão. Fouché, Massena e o príncipe são os três maiores homens, as três cabeças mais fortes, em diplomacia, guerra e governo, que conheci; se Napoleão os tivesse associado francamente à sua obra, já não existia Europa, mas apenas um vasto Império francês. Fouché só se separou de Napoleão quando viu Sieyês e o príncipe de Talleyrand postos de lado.





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