Um Caso Tenebroso - Cap. 22: XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS Pág. 246 / 249

Em três dias, Fouché, escondendo a mão que remexia as cinzas daquela lareira, organizou essa angústia geral que pesou sobre toda a França e reanimou a energia republicana de 1793.

«Como é mister esclarecer este aspecto obscuro da nossa História, dir-lhes-ei que esta agitação provocada por ele, que tinha nas suas mãos todos os fios da antiga Montanha, produziu as conjuras republicanas que puseram em perigo a vida do Primeiro Cônsul depois da vitória de Marengo. A consciência que tinha do mal de que era o autor é que deu força para assinalar a Bonaparte, apesar da opinião contrária deste, os republicanos como mais responsáveis que os realistas nessas iniciativas. Fouché conhecia os homens admiravelmente; contava com Sieyês por causa da sua ambição iludida; com o Senhor de Talleyrand, porque era um grande senhor; com Carnot, pela sua profunda honestidade; mas temia o nosso homem desta noite, e aqui têm como ele o comprometeu. Nessa altura era apenas Malin, o correspondente de Luís XVIII. O ministro da polícia obrigou-o a redigir as proclamações do governo revolucionário, as actas, os decretos, a declaração que considerava fora da lei os sediciosos do 18 de Brumário; e mais ainda, esse cúmplice, mau grado seu, é que mandou imprimir o número de exemplares necessários e os conservou preparados em maços na sua própria casa. O impressor foi, preso como conspirador, pois escolheram propositadamente um impressor revolucionário, e a polícia só o soltou, dois, meses mais tarde. Esse homem morreu em 1816, convencido de que participara numa conspiração montanhesa. Uma das cenas mais curiosas desempenhadas pela polícia de Fouché foi, sem contestação, aquela que provocou o primeiro correio recebido pelo mais célebre banqueiro da época, e que anunciava a perda dá batalha de Marengo.





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