As palavras: «Morra o tirano!», gritadas em Saint-Cloud continuavam a ressoar aos ouvidos de Luciano. A batalha de Marengo deteve Napoleão nos campos da Lombardia até 25 de Junho, pois chegou no dia 2 de Julho a França. Ora ponde na vossa imaginação a cara dos cinco conspiradores nas Tulherias a felicitarem o Primeiro Cônsul pela sua vitória. Fouché, ali mesmo no salão disse ao tribuno - este Malin, que os senhores acabam de ver, foi um pouco tribuno - que esperasse ainda, porquanto não estava tudo acabado. Com efeito Bonaparte, aos olhos do Senhor de Talleyrand e de Fouché, não se lhes afigurava tão identificado como eles com a Revolução e trataram de o encurralar, para sua própria segurança, com o caso do, duque de Enghien. A execução do príncipe está relacionada, por impressionantes ramificações, com o que fora tramado no palácio das relações exteriores durante a batalha de Marengo. Evidentemente que hoje, para quem conheça pessoas bem informadas, é indiscutível que Napoleão foi ludibriado, como uma criança, pelo Senhor de Talleyrand e por Fouché, que quiseram indispô-lo, irremediavelmente, com a casa de Bourbon, cujos embaixadores tentavam nessa altura aproximar-se do Primeiro Cônsul.
- Talleyrand, que jogava o seu whist em casa da Senhora de Luynes - disse então uma das personagens que ouvia De Marsay - às 3 horas da manhã puxou do relógio, interrompeu o jogo e perguntou, subitamente, sem qualquer transição, aos seus três parceiros, se o príncipe de Condé tinha mais algum filho além do duque de Enghien. Uma pergunta tão extravagante na boca do Senhor de Talleyrand provocou a maior das surpresas. «Porque nos pergunta o que sabe tão bem como nós?» - disse-lhe alguém. - «É para informá-los de que a casa de Condé está, neste momento, a acabar».