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Capítulo 4: IV - FORA A MÁSCARA!

Página 41

Marta, exausta, trémula, esperava um desfecho qualquer, depois de uma tal caminhada. Para quê? Para uma boa acção ou para um crime? Neste momento, Michu aproximou-se do ouvido da mulher.

- Quero que vás a casa da condessa de Cinq-Cygne; dirás que lhe queres falar; quando ela aparecer, dizes-lhe que precisas de lhe segredar uma palavra. Se ninguém puder ouvir-te, dir-lhe-ás: «Menina: a vida dos seus dois primos está em perigo, e a pessoa que lhe pode explicar como e porquê espera por si.» Se ela tiver medo, se mostrar desconfiança, acrescenta: «Sei que pertencem à conspiração contra o Primeiro Cônsul, e a conspiração está descoberta.» Não digas quem és; eles desconfiam de nós.

Marta Michu soergueu os olhos para o marido e disse-lhe:

- Estás ao serviço deles?

- Sim, e então? - tornou-lhe ele, franzindo as sobrancelhas, como se ouvisse uma censura.

- Tu não me compreendes! -exclamou Marta, pegando na grossa mão de Michu, a cujos pés se deixou cair de joelhos, beijando-a muito e cobrindo-a de lágrimas.

- Corre! Depois choras - disse-lhe ele, apertando-a nos braços com lima força brusca.

Quando deixou de ouvir os passos da mulher, aquele homem de ferro tinha lágrimas nos olhos. Desconfiara de Marta por causa das ideias do pai; escondera-lhe os segredos da sua vida; mas a beleza do carácter simples da mulher revelara-se-lhe repentinamente, tal qual como a grandeza do seu acabava de se revelar a ela. Marta transitava da profunda humilhação causada pela degradação do homem cujo nome usava ao deslumbramento que a glória provoca; e fazia-o sem transição, pois não era caso para desfalecer? Tomada do mais vivo sobressalto, caminhara, como depois havia de dizer-lhe, como se pisasse sangue, desde o pavilhão até Cinq-Cygne, e de r pente sentia-se subir ao céu no meio dos anjos.

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pág. 41 (Capítulo 4)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 41

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236