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Capítulo 9: IX - DESDITAS DA POLÍCIA

Página 93

- Muitas vezes - tornou-lhe o pobre homem, com a maior simplicidade - o senhor maire pode confirmá-lo.

- Toda a gente sabe que ela tem as suas manias - acrescentou Catarina. - Estava a olhar lá para fora antes de se deitar, e naturalmente, ao ver brilhar ao longe as baionetas, ficou intrigada; «Quero saber de que se trata, disse ela, ao sair, talvez seja outra revolução.»

- Quando saiu ela? - perguntou Peyrade.

- Quando viu as espingardas.

- E por onde é que saiu?

- Não sei.

- E o outro cavalo? - perguntou Corentin.

-Os ... os ... gen ... dar ... mes ... apanharam-mo! - balbuciou Gothard.

- E aonde ias tu? - perguntou um dos gendarmes.

- Ia .. .ia ... a ... trás ... da mi. .. mi. .. nha ama para a quin ... ta.

O gendarme encarou com Corentin, como à espera de ordens, mas aquelas palavras eram ao mesmo tempo tão verdadeiras e tão falsas, tão profundamente inocentes e tão manhosas, que os dois parisienses se entreolharam como para repetir a frase de Peyrade: «Eles não são parvos!»

O gentil-homem parecia não ter espírito que chegasse para compreender um epigrama. O maire era estúpido. A mãe, imbecil na sua maternidade, dirigia aos agentes perguntas de uma inocência estúpida. Toda aquela gente fora, de facto, surpreendida num primeiro sono.

Na presença de tão pequenos factos, avaliando bem aqueles diferentes caracteres, Corentin percebeu que o seu único adversário de respeito era ar Menina de Cinq-Cygne, Por mais hábil que seja, a polícia tem sempre contra ela muitas desvantagens. Não só é obrigada a saber tudo o que o conspirador sabe mas, ainda por cima, forçada a supor um ror de coisas antes de ter a certeza de, uma que seja. O conspirador, pensa constantemente na sua segurança, enquanto que a polícia só desperta quando chega a ocasião.

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 93

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236