Um Caso Tenebroso - Cap. 9: IX - DESDITAS DA POLÍCIA Pág. 94 / 249

Se não fossem as traições, não havia nada mais fácil do que conspirar. Um conspirador só por si tem mais inteligência que a polícia inteira, com os seus imensos meios de acção.

Ao sentirem-se detidos moralmente como O teriam sido fisicamente diante de uma porta que julgavam aberta, que arrombariam e atrás da qual se defrontariam com uns homens mudos, Corentin e Peyrade viam-se descobertos e gozados sem saberem por quem.

- Posso garantir - veio dizer-lhes ao ouvido o brigadeiro de Arcis - que, se os senhores de Simeuse e de . Hauteserre passaram aqui a noite, dormiram na cama do pai, da mãe, da Menina de Cinq-Cygne, da criada, dos criados, ou então andaram a passear no parque, pois a verdade é que não há na casa o mais pequeno vestígio da passagem deles.

- Quem os teria prevenido? - perguntou Corentin a Peyrade. - Só o Primeiro Cônsul, Fouché, os ministros, o prefeito de polícia e Malin sabem alguma coisa a este respeito.

- Vamos deixar carneiros cá na terra - disse Peyrade ao ouvido de Corentin.

. - E fazem muito bem, pois eles devem estar na Champagne - replicou o cura, que não pôde deixar de sorrir ao ouvir a palavra carneiro e que tudo adivinhara por essa simples palavra.

- Meu Deus! - pensou Corentin, que respondeu ao cura com um sorriso -, só há aqui um homem inteligente, e é com ele que eu me tenho de entender; vou atacá-lo.

- Meus senhores… - disse o maire, que, no entanto, queria dar uma prova de dedicação ao Primeiro Cônsul e se dirigia aos dois agentes. - Diga cidadãos, pois a República ainda está de pé - replicou-lhe Corentin, olhando para o cura com ar trocista.

- Cidadãos - tornou o maire - no momento em que eu cheguei a este salão e ainda não tinha aberto a boca, entrou Catarina para levar o pingalim, as luvas e o chapéu da ama.





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