- Não só com o tamanho, mas também com a forma. Varia ainda pela “água”, isto é, a cor; pelo “oriente”, ou seja pelo brilho e tonalidade que as tornam tão agradáveis à vista. As mais belas são chamadas pérolas virgens e se formam isoladamente no tecido do molusco. São brancas, frequentemente opacas, outras vezes de uma transparência opalina e de forma esférica ou periforme. As esféricas são usadas para pulseiras; as periformes para pingentes. As mais preciosas são vendidas unitariamente e guardadas como joias. As outras, que aderem à concha da ostra e que são mais irregulares são vendidas a peso. Finalmente, numa ordem inferior, classificam-se as pérolas pequenas, conhecidas pela designação de sementes. Servem especialmente para ornamentar os paramentos dos religiosos.
- Mas há pérolas célebres que custaram fortunas - disse Conselho.
- Há sim. Dizem que César ofereceu a Servília uma pérola cujo valor se calcula em vinte mil dos nossos francos.
- Já ouvi contar - disse o canadiano - que certa dama antiga bebia pérolas no vinagre.
- Cleópatra - mencionou o meu criado.
- Não deveria ter um gosto bom - comentou Land.
- Certamente que não - concordou Conselho. - Mas um cálice de vinagre que custa quinze mil francos...
- Lamento não me ter casado com essa tal dama - disse o canadiano, fazendo um gesto pouco tranquilizador.
- Ned Land marido de Cleópatra! - chasqueou Conselho.
- Pois saiba que já estive para me casar, Conselho - o canadiano falou muito a sério - e não tive culpa se não deu certo. Até tinha comprado um colar de pérolas para Kat Tender, a minha noiva que acabou por se casar com outro. O colar não me custou mais de um dólar e meio, mas posso garantir-lhe, professor, que as pérolas eram bem grandes.