Nós o seguimos e chegamos ao bote do indiano depois de termos sido milagrosamente salvos. O primeiro cuidado do Capitão Nemo foi reanimar o pescador. Eu duvidava de que o conseguisse, não porque ele estivera submerso por um tempo excessivo, mas porque a pancada da cauda do tubarão o teria atingido mortalmente.
Porém, com as vigorosas massagens de Conselho e do capitão, vi que o afogado ia aos poucos recuperando os sentidos. Abriu os olhos. Qual não terá sido o seu espanto, o seu medo até, ao ver as quatro grandes cabeças de cobre que se debruçavam sobre ele! O que terá pensado quando o Capitão Nemo tirou do bolso um saquinho cheio de pérolas e o colocou em suas mãos? Notei que ele tremia ao aceitar a magnífica esmola do homem das águas. Os seus olhos espantados indicavam claramente o seu temor diante dos seres estranhos aos quais devia, ao mesmo tempo, a vida e a fortuna.
A um sinal do capitão retornamos ao banco de ostras. Seguimos o caminho já percorrido e após meia hora de marcha chegamos ao bote do “Nautilus”. Uma vez a bordo, ajudados pelos marinheiros, nos desembaraçamos das nossas estranhas indumentárias.
As primeiras palavras do Capitão Nemo foram para o canadiano.
- Obrigado, mestre Land - disse ele, com simplicidade.
- Eu estava em dívida com o senhor, capitão.
Os lábios do Capitão Nemo se distenderam num sorriso pálido e foi tudo que se falaram sobre o fato.
- Para o “Nautilus” - ordenou o capitão.
As oito e meia estávamos a bordo do submarino.
Refletindo sobre os incidentes de nossa excursão ao banco de ostras, duas observações surgiram inevitavelmente em minhas conclusões. Uma delas dizia respeito à audácia do Capitão Nemo.