Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 27: Capítulo 27 Pág. 124 / 258

O “Nautilus”, navegando a toda velocidade, atravessou-o em uma hora, mantendo-se sempre submerso. A passagem era cruzada por muitos vapores ingleses e franceses das linhas de Suez a Bombaim, a Calcutá, a Melbourne, a Bourbon, e a Maurícia. Logicamente o nosso submarino não poderia se arriscar na superfície daquelas águas.

Finalmente ao meio-dia sulcávamos as águas do Mar Vermelho, esse célebre lago de tradições bíblicas, que as chuvas nunca refrescam, que não é regado por nenhum rio importante, que uma evaporação excessiva absorve todos os anos uma camada líquida com um metro e meio de altura! Nem sequer tentei compreender o capricho que levara o Capitão Nemo até ali. Fosse ele qual fosse, eu o aprovei sem reservas.

A 8 de fevereiro, desde as primeiras horas do dia, avistamos Moca, cidade em ruínas, cujas muralhas não mais resistiriam ao simples troar de um canhão. Outrora ela fora um centro importante, com vários mercados públicos, vinte e seis mesquitas e uma muralha de três quilómetros de comprimento com catorze fortes.

Depois o “Nautilus” aproximou-se das margens africanas onde a profundidade do mar é maior. Ali podíamos admirar, através dos painéis abertos, os belos corais e as vastas extensões de rochedos revestidos de uma esplêndida cobertura de algas. Que espetáculo indescritível e que variedade de locais e paisagens deslumbrantes se descortina nas ilhotas vulcânicas que confinam na costa líbia!

A 9 de fevereiro o “Nautilus” navegava na parte mais larga do Mar Vermelho, a que fica compreendida entre Suakin na costa oeste e Quonfodah na costa leste. Nesse dia às doze horas o Capitão Nemo subiu à plataforma onde eu me encontrava. Prometi a mim mesmo não o deixar descer sem sondá-lo sobre os seus projetos futuros.





Os capítulos deste livro