- Não se trata de uma baleia - afirmou Ned Land. - As baleias e eu somos velhos conhecidos e eu não me enganaria com o seu aspecto.
- O “Nautilus” está se dirigindo para o local - disse Conselho. – Não tardaremos a saber do que se trata.
Dentro de pouco tempo o tal objeto escuro estava apenas a uma milha de distância. Parecia um grande escolho encalhado em pleno mar.
- Move-se e mergulha - falou Ned Land. - Com mil diabos! Que animal será aquele? Não tem a cauda bifurcada como as baleias ou os cachalotes...
- Bom, agora está de costas, tem o peito para o ar!
- É uma sereia! - gritou Conselho. - Uma verdadeira sereia, com a sua licença.
Esse nome deu-me a pista e descobri que o animal pertencia a essa ordem de seres marinhos, cuja lenda fez das sereias metade mulheres metade peixes.
- Não é uma sereia, Conselho, mas é um ser curioso de que restam apenas alguns exemplares no Mar Vermelho. É um dugongo.
Entretanto Ned Land continuava a olhar o animal, como o caçador olha a sua caça. Sua mão parecia pronta para arpoar.
Naquele momento o Capitão Nemo apareceu na plataforma e viu o dugongo. Viu também a atitude de Ned Land e disse a ele
- Se estivesse com um arpão na mão, mestre Land, ele estaria a queimá-la, não é verdade?
- Acertou, capitão.
- Gostaria de retomar por um dia a sua profissão de pescador e acrescentar esse cetáceo à lista daqueles que já matou?
- Gostaria muito, senhor.
- Pois bem, pode tentar. Só que o aconselho a não falhar com esse animal.
- O dugongo é perigoso quando atacado? - perguntei ao capitão.
- Sim. Costuma virar-se contra os seus perseguidores e afundar-lhes a embarcação. Mas para mestre Land ele não constituirá perigo. Já notei que o nosso amigo tem o olhar pronto e o braço seguro.