Havia apenas o silêncio e a morte naquele campo das catástrofes.
Observei que à proporção em que o “Nautilus” se aproximava de Gibraltar, mais numerosos eram esses sinistros destroços. Onde as costas da Europa e da África mais se aproximam, os desastres são mais frequentes. Vi numerosas quilhas de ferro, ruínas fantásticas de vapores, uns deitados, outros de pé, semelhantes a formidáveis animais imobilizados na maioria das vezes.
Um desses barcos, com os flancos abertos, a chaminé quebrada, sem rodas, com o leme separado do cadaste e ainda preso por uma cadeia de ferro já corroída pelos sais marinhos, apresentava-se sob um aspeto terrível! Quantas existências ceifadas no seu naufrágio, quantas vítimas arrastadas pelas águas! Teria escapado algum marinheiro para narrar o terrível acontecimento, ou todos teriam morrido?
Não sei por quê, lembrei-me de que aquele navio mergulhado no mar podia ser o “Atlas”, desaparecido havia vinte anos e do qual nunca mais se ouviu falar.
Entretanto, o “Nautilus”, indiferente e rápido, ia passando entre as ruínas. No dia 18 de fevereiro encontrava-se à entrada do Estreito de Gibraltar.
Poucos minutos depois estávamos no Atlântico.