Ali desenhavam-se pitorescas ruínas que traíam a mão humana e não a do Criador. Eram vastas extensões de pedras onde se distinguiam vagas formas de castelos, de templos, revestidos por um mundo de zoófitos em flor.
Que região submersa do globo seria aquela? Quem tinha disposto aquelas rochas e pedras como dólmens dos tempos pré-históricos? Onde eu estava? Onde a fantasia do Capitão Nemo me havia levado? Queria interrogá-lo, mas como não podia fazê-lo, segurei-lhe o braço.
Ele abanou a cabeça e apontou para o cume da montanha. Pareceu-me ouvi-lo dizer: “Venha! Continue! Não pare!” Eu o segui num último esforço. Mais alguns minutos de penosa subida e alcancei o pico que dominava toda aquela massa rochosa.
O meu olhar vagueou ao redor e vi um enorme espaço iluminado por uma fulguração violenta. Aquela montanha era um vulcão. A cinquenta pés abaixo do pico, no meio de uma chuva de pedras e de escórias, uma grande cratera vomitava torrentes de lava, que se dispersavam em cascatas de fogo no seio da massa líquida. Assim situado, aquele vulcão era como um imenso facho iluminando a planície inferior até os limites do horizonte.
A cratera submarina lançava lavas e não chamas, porque estas necessitariam de oxigênio e por isso não podiam existir debaixo das águas. Mas as torrentes de lavas que têm em si próprias o princípio de sua incandescência, podem atingir o vermelho-branco, lutar vitoriosamente contra o, elemento líquido e vaporizar-se ao seu contato. Rápidas correntes arrastavam todos aqueles gases em fusão e as torrentes de lavas deslizavam até o sopé da montanha, como as dejeções do Vesúvio sobre a Torre del Grecco.