Foi exatamente isso que eu disse ao Capitão Nemo.
- Tem razão, Sr. Aronnax. Se amanhã eu não obtiver a altura do sol, antes de seis meses não poderei consegui-la. Mas se os acasos da navegação me trouxeram a esses mares, foi porque a 21 de março eu poderei fazer o ponto, com facilidade, ao meio-dia.
Preferi não fazer nenhum comentário à observação dele.
No dia seguinte, às cinco horas da manhã, eu subi para a plataforma e o Capitão Nemo já estava lá.
- O tempo vai se desanuviando aos poucos - disse-me ele. – Tenho esperanças. Depois do almoço iremos para a terra, a fim de escolhermos um ponto de observação.
Deixei-o e fui procurar Ned Land. Eu queria que ele nos acompanhasse. O obstinado canadiano recusou-se ao meu convite. Sua taciturnidade aumentava a cada dia.
Terminado o almoço fomos para a terra. O “Nautilus” avançara mais quatro milhas durante a noite, estando então ao largo, a uma légua da costa. O bote nos deixou na praia. O céu clareava. As nuvens deslocavam-se para o sul. As brumas abandonavam a superfície das águas frias. O Capitão Nemo dirigiu-se para um pico que fazia frente para o mar e tinha uma altura aproximada de quatrocentos metros. Eu e Conselho acompanhamo-lo. Gastamos duas horas para chegar ao cimo dele. Lá no alto o capitão mediu a altura da montanha, pois tinha de contar com ela para as suas observações.
As onze horas e quarenta e cinco minutos, o sol, visto então apenas por refração, mostrou-se como um disco de ouro e espalhou os seus últimos raios sobre aquele mar nunca navegado. O momento era muito solene para nós.