Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 42: Capítulo 42 Pág. 226 / 258

A 8 de maio estávamos ainda à vista do Cabo Hatteras, ao largo da Carolina do Norte. A largura da Gulf Stream é ali de setenta e cinco milhas e a sua profundidade de duzentos e dez metros. O “Nautilus” continuava a errar à aventura. Toda a vigilância parecia ter sido abandonada a bordo. Pensei que naquelas condições uma evasão poderia ter êxito. As costas habitadas ofereciam fáceis refúgios. O mar era constantemente sulcado por numerosos vapores que fazem serviço entre Nova Iorque ou Boston e o Golfo do México, e noite e dia percorrem com suas pequenas escunas carregadas a costa americana. Havia assim boas possibilidades de sermos recolhidos. Era, portanto, uma ocasião favorável, apesar das trinta milhas que separavam o “Nautilus” das costas mais próximas.

No entanto, uma circunstância inesperada veio contrariar completamente os planos do canadiano. O tempo estava ruim. Atravessávamos as regiões onde as tempestades são frequentes, na zona das trombas-d’água e dos ciclones, precisamente originados pela Gulf Stream.

Enfrentar um mar muitas vezes agitado num frágil bote era correr para uma morte certa. O próprio Ned Land concordou comigo. Assim, refreou-se, tomado de uma furiosa nostalgia.

- Professor - disse-me o canadiano - isto tem que acabar. O seu capitão afasta-se das terras e se dirige para o norte. Mas eu fiquei farto do Pólo Sul e não seguirei com ele para o Pólo Norte.

- Que havemos de fazer, se é impossível fugir agora?

- Volto à minha ideia de que temos de falar com o capitão. Não disse nada quando estávamos nos mares do seu país, mas eu quero falar, agora que estamos nas águas do meu.





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