A 15 de maio, encontrávamo-nos na extremidade meridional do banco da Terra Nova, o qual é um produto de aluviões marinhos, um amontoado considerável de detritos orgânicos, transportados quer do Equador pela corrente da Gulf Stream, quer do pólo boreal pela contracorrente de água fria que passa ao longo da costa americana. Também ali se amontoam os blocos errantes produzidos pelo degelo. A profundidade das águas não é considerável no banco da Terra Nova, apenas algumas centenas de braças. Mas, para o sul, abre-se subitamente uma depressão profunda, um buraco com três mil metros, onde se alarga a Gulf Stream, espalhando as suas águas, perdendo velocidade e temperatura, mas transformando-se num mar.
Na região da Terra Nova encontramos os cardumes de bacalhaus. Pode-se dizer que os bacalhaus são peixes de uma montanha submarina. Quando o “Nautilus” abriu passagem através das suas falanges cerradas, Conselho não pôde deixar de observar:
- Mas isto são bacalhaus? Eu pensava que eram chatos como os linguados. São até bem redondinhos!
- Ingênuo! - exclamei. - Os bacalhaus só são chatos no merceeiro, que os vende abertos e secos. Mas na água são peixes fusiformes como os robalos e perfeitamente aptos para nadar.
- Acredito - respondeu Conselho. - Que nuvem deles! Que formigueiro!
- Sim, meu amigo. E muitos mais existiriam se não fossem os seus inimigos: os rainúnculos e os homens. Sabe quantos ovos se contaram numa única fêmea?