Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 45: Capítulo 45 Pág. 252 / 258

Era melhor não me encontrar com ele! Era melhor esquecê-lo! E no entanto!

Como foi longo aquele dia, o último que passaria a bordo do “Nautilus”! Fiquei só. Ned Land e Conselho evitavam falar-me com receio de se traírem.

Às seis horas jantei. Embora não tivesse fome, forcei a ingestão dos alimentos para não enfraquecer.

Às seis horas e meia, Ned Land entrou no quarto e me avisou - Não nos veremos antes da partida. Às dez horas a lua ainda não terá surgido. Aproveitaremos a obscuridade. Vá ter ao bote. Conselho e eu esperaremos lá pelo senhor.

Depois o canadiano saiu, sem me ter dado tempo de lhe responder. A nossa sorte estava decidida.

Quis verificar a direção do “Nautilus” e, por isso fui ao salão. Avançávamos para nor-noroeste, à grande velocidade, a cinquenta metros de profundidade,

Olhei pela última vez aquelas maravilhas da natureza, aquelas riquezas da arte encerradas no museu, aquela coleção sem rival, destinada a desaparecer um dia no fundo dos mares com aqueles que as tinham reunido. Quis fixar no meu espírito uma derradeira recordação.

Estive assim uma hora, banhado nos eflúvios do teto luminoso e passando em revista os tesouros resplandecentes das vitrinas. Depois voltei ao meu quarto.

Vesti roupas próprias para enfrentar o mar. Juntei os meus apontamentos e apertei-os preciosamente contra o corpo. O coração batia-me com força. Não conseguia dominar as pulsações. A minha perturbação e agitação ter-me-iam certamente traído aos olhos do Capitão Nemo.

Que estaria fazendo? Pus-me à escuta à porta do seu quarto. Ouvi um ruído de passos. O Capitão Nemo estava lá dentro. Não se tinha deitado.





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