Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 25: XXV - O Cego Pág. 143 / 174

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- Aí anda gente... os passos e a voz são de Ângela...

- Deus permitisse que fosse ela... O senhor general estava agora sonhando, e às vezes falava em sua filha.

- Falava?

- Sim, meu senhor.

- Então era sonho...

- E, se ela lhe aparecesse... se vossa excelência a visse de repente...

- Não vês que estou cego... Cego, meu Deus!

- Pois sim; mas se vossa excelência lhe ouvisse a voz, e lhe deixasse beijar as mãos...

- Tu quando a viste?

- Eu, senhor? Vi-a há oito anos, quando vossa excelência estava em França, e me mandou entregar-lhe o cofre dos enfeites.

- E estava aonde?

- Perto da vila de Barrosas, e casou no dia em que lá cheguei... Eu já contei a vossa excelência isto...

- Mas ela escreveu-me há coisas de ano e meio. Onde estava então?

- No Porto.

- E nunca mais soubeste dela nada?

- Não, fidalgo... Isto é... - tartamudeou o mordomo - quero dizer...

- Soubeste, ou não?

- Ela a mim nunca me escreveu; mas, cá em Ponte, ouvi dizer que o marido a deixara e fora para o Brasil.

- Por quê?

- Não sei... - responde pronto João Pedro, como quem esperava a pergunta, e tencionava esconder os boatos desairosos para a filha de seu amo.

- Não sabes? Alguma nova desonra!... Quem te contou isso? Quero saber...

- Não me recordo a quem o ouvi... Parece-me que foi um padre que já morreu.

- E que é feito dela? Sabes?

- Não sei, meu senhor.

- Quero que saibas... Vai saber isso ao Porto... Indaga por lá.

- E quem há de ficar à beira de vossa excelência?

- Um criado qualquer. Vai já hoje, assim que amanhecer... Sonhei que a via... Ver, meu Deus, ver!... Sonhei que a via... E o meu coração estava alegre... Procura-ma, procura-ma, João!

Seis dias depois, o mordomo voltava triste do Porto. As inculcas





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