Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 275 / 432

do aperto… Qual!… Aqui é que eu os quero ver… No fogo é que se conhecem os soldados… Isto de queimar pólvora em fogos presos não presta para nada… Ora escreva, escreva lá, faça o que eu lhe disser e deixe-se de teorias. Não tenha vergonha de aprender. Todos aprendem até à morte.

E principiou a indicar-lhe a maneira de riscar o papel, as inscrições que tinha a fazer, as verbas que devia registar, e isto tudo sem lhe deixar passar por alto a mínima particularidade.

Carlos obedecia-lhe com tal docilidade de discípulo, que fazia rir Cecília.

– Vá; escreva aí, no alto da folha – disse Manuel Quintino –: Factura de… agora um género qualquer que queira carregar.

– De paciência então, que é género de que o Manuel Quintino bem precisa por agora para aturar a moléstia.

– Então! Está a brincar, ou que faz? Paciência preciso, mas é para o aturar a si.

– Paciência confiada ao cuidado de meu pai! – dizia Cecília – Valha-nos Deus! que não é homem que tenha cautela com a mercadoria.

– E adeus! Estão as duas crianças a brincar. E eu que as ature!

Se Manuel Quintino tivesse mais algum conhecimento dos pequenos mistérios do coração, não falaria assim colectivamente de Carlos e Cecília. Isto de os confundir debaixo da denominação genérica de crianças era imprudente, no estado actual dos sentimentos de ambos.

Prosseguiu a indicação da maneira de encher a factura e com isto terminou a lição.

Em seguida, serviu-se o chá, que naquela noite não soube a José Fortunato como de costume.

Manuel Quintino, apesar das suas impaciências, estava, de si para si, espantado de tanto que sabia Carlos.

– Que esperteza de rapaz! – dizia ele para Cecília, quando esta, depois de todos se haverem retirado, fazia engolir ao pai a última chávena de caldo daquele dia e lhe arranjava os travesseiros para o sono da noite.





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