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Capítulo 25: XXV - Tempestade doméstica

Página 290
XXV - Tempestade doméstica

Às quatro horas da tarde, deste mesmo dia, voltava Mr. Richard Whitestone a casa, com aquele ar de satisfação inglesa que já lhe conhecemos, e em passo vagaroso, como de homem que terminou as tarefas sérias e principiou a gozar as doçuras do não fazer nada. Parte da manhã passara-a com um compatriota, pai de uma nevada e loura lady, a quem de facto Mr. Richard estimaria ver matrimonialmente ligado o filho.

Como nestas intenções do discreto inglês conseguira entrar a despenseira, não sabemos nós; mas é certo que, ou por força de lógica, ou por oculta inspiração, havia ela acertado ao informar a Sr.a Josefinha da Água-Benta. Conquanto o não ter sido acompanhado pelo filho naquela visita matinal houvesse algum tanto desagradado ao inglês, consolava-se esperando que ele condescenderia em o acompanhar à noite na segunda visita que tencionava fazer.

Ia pensando nisto o velho comerciante, precedido da ligeira Butterfly, impaciente com a morosidade do dono, que tão amiúde a obrigava a retroceder.

Trauteando por entre dentes o predilecto: cheer, boys, cheer, caminhava vagarosamente Mr. Richard pela Rua das Flores acima, e pascia a vista nas bem providas exposições de ouro que adornam um dos lados da rua, quando, de repente, parou defronte de uma tabuleta, como se impressionado por algum objecto que vira nela.

Por muito tempo durou este exame.

Havia ali o que quer que fosse que o inglês tomava a peito investigar. E não o conseguindo de fora do mostrador, entrou na loja.

– Faz favor de deixar-me ver um relógio que está aí exposto? – disse ele para o ourives.

O ourives, com sorriso amável e maneiras delicadas, satisfez-lhe prontamente ao pedido.

Mr. Richard examinou o relógio com minuciosa atenção.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 290

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432