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Capítulo 20: XX - Manuel Quintino procura distracções

Página 236
XX - Manuel Quintino procura distracções

O dia 1.° de Abril de 1855 caiu ao domingo.

Mencionamos esta circunstância, cuja exactidão o leitor pode, se quiser, verificar, porque não foi ela insignificante para os destinos das diferentes pessoas, entre as quais vai travada a acção da história que escrevemos.

São estas coisas justamente as que tão falíveis tornam as previsões humanas; do facto ligeiro e peco rebentam às vezes tais e tantos sucessos estupendos, que não só revolucionam a sorte de um homem, mas até a dos impérios.

Como a referida circunstância não se realizaria, se não fossem os anos bissextos, segue-se que, por tal facto, a sorte dos que figuram nesta narração ficou ligada a não menos graúdas personagens do que Júlio César e Gregório XIII, que foram os que, em épocas sucessivas, regularam neste ponto o calendário, tal como hoje está.

Feita esta reflexão de filosofia da história, prossigamos.

Sendo domingo, jantou Manuel Quintino mais cedo, e, como visse de tarde que a tristeza da filha se não dissipava, insistiu com esta para que não ficasse em casa. Lembrou-lhe uma visita a Jenny. Cecília acolheu o alvitre com repugnância visível.

Um sentimento de delicadeza obstava-lhe a que procurasse a sua amiga mais íntima. Na mesma casa em que ela vivia, vivia Carlos também, e eu julgo que o leitor terá percebido, sem que eu lhe tenha dito, que não era já o filho de Mr. Whitestone uma pessoa indiferente para Cecília.

Manuel Quintino instou porém com a filha para que saísse «a tomar ar e distrair» – dizia ele – e pediu isto de maneira que Cecília resolveu fazer-lhe a vontade, indo visitar as filhas do major Matos, que moravam algumas casas acima da sua.

– Vai, vai – disse Manuel Quintino –; sempre te distrairás mais com elas do que ficando toda esta santa tarde comigo.

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pág. 236 (Capítulo 20)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 236

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432