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Capítulo 5: V - Uma manhã de Mr. Richard

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V - Uma manhã de Mr. Richard

Mr. Richard era de uma rigorosa pontualidade nos seus actos da vida doméstica. Logo pela manhã, depois de uma leitura de Bíblia e de uma revista à preciosa colecção de aves e de insectos de Inglaterra, que possuía, consultando a propósito os livros de Yarrell, Shuckard, Rennie e de outros especialistas da localidade, passava a gozar no jardim das belezas matutinas e a exercer a sua paixão florista, cavando, mondando, semeando os seus bem guarnecidos canteiros. Esta ocupação matinal de Mr. Richard, forçoso é confessá-lo, não era demasiadamente favorável ao horto, para com o qual ele tinha aliás as melhores intenções deste mundo.

Apesar de no seu gabinete se encontrarem constantemente abertos livros de botânica e de horticultura, desde a Flora Londinensis de Curtis e as obras completas de Lindley, até às publicações periódicas das várias sociedades hortícolas de Londres, Mr. Richard Whitestone costumava fazer ciência por sua conta e risco. Desprezando os preceitos dos escritores teóricos, juntamente com a experiência provada do velho Manuel, ensaiava às vezes processos não referidos nos manuais de jardinagem, com grave detrimento das mimosas e raras plantas, cuja aquisição, por todo o preço, obtinha nos melhores mercados da Europa e principalmente no Covent-Garden market e no Pantheon de Oxford Street.

A natureza tinha sempre muito que fazer ao remediar os resultados da arte do velho comerciante.

Felizmente, para o aspecto geral do jardim, Mr. Richard Whitestone era exclusivo nas afeições floristas. A uma única planta dedicava, em cada época do ano, os seus cuidados horticultores. Por aquele tempo, eram as begónias as suas predilectas. Ia um destroço nelas, ocasionado por tanto amor e cuidados, que consternava o velho Manuel, deveras afeiçoado às plantas.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432