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Capítulo 36: XXXVII - Como se educa a opinião pública

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XXXVII - Como se educa a opinião pública

No dia seguinte Manuel Quintino saiu cedo para o escritório.

Andou toda a manhã pensativo o guarda-livros.

Quanto mais reflectia na cena da véspera e em outras antecedentes, tanto mais confirmada lhe parecia a vaga desconfiança de que não fora inteiramente verdadeira a explicação de Mr. Richard.

Mas não lhe queria mal por ela o velho guarda-livros; antes intimamente lha agradecia. Assustava-o, porém, o estado do coração de Cecília. Seria ainda tempo de arrancar de lá aquela afeição tão louca, que por imprevidência deixara crescer?

Nisto pensava ainda Manuel Quintino, quando entrou no escritório um dos mais sisudos e abastados negociantes da Praça, e muito afavelmente o cumprimentou, dirigindo-lhe as mais lisonjeiras expressões sobre os seus relevantes serviços à casa Whitestone e aplaudindo a sagacidade com que antevira a suspensão de pagamentos de uma poderosa casa de Londres e evitara que a firma Whitestone sofresse na quebra. Manuel Quintino ficou surpreendido com o inesperado cumprimento. Ele já nem pensava naquilo, nem imaginava que Mr. Richard, único que o podia contar, o conservasse tão presente na memória.

O grande conceito em que tinha o negociante que lhe falara não deixava porém ser-lhe indiferente o louvor recebido dele.

A surpresa do velho aumentou quando a este primeiro se sucedeu outro e quando todos os que naquela manhã entravam no escritório pareciam apostados a reproduzir, com pequenas variantes, frases iguais de louvor.

A consideração que Mr. Whitestone gozava na Praça fizera com que por toda ela se espalhasse com rapidez a fama dos serviços prestados por Manuel Quintino, a quem o honrado inglês, fiel às promessas que fizera a Jenny, exaltou com uma veemência de frase e de expressão pouco habitual à sua fleuma britânica, e que por isso mesmo teve dobrado efeito.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 406

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432