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Capítulo 2: II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo

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II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo

O honrado chefe da casa Whitestone tinha dois filhos: uma gentil lady, mimosa planta do Norte transplantada, aos dois anos, para o nosso clima, e um rapaz, mais novo do que ela, e nascido já em Portugal.

Eram Jenny e Carlos.

Jenny era uma destas jovens inglesas cuja suavidade e correcção de contornos, alvura e delicadeza de tez e puro dourado dos cabelos lhes dão uma aparência tão subtil e vaporosa, e, quase direi, tão celestial, que se espera a cada passo vê-las desprenderem-se da terra e dissiparem-se, como instantânea visão luminosa, diante dos olhos, que por momentos ofuscaram.

Delicadas, como arminho, que chega quase a subtrair-se à sensação do tacto, de delicado que é, estas poéticas organizações setentrionais possuem tanto de vago, tanto de material, que, junto delas, apodera-se de nós, entes profanos e grosseiros, certo invencível constrangimento, como se receássemos com um sopro desvanecê-las, crestá-las com um olhar, maltratá-las com um gesto.

Os desejos não voam até ali; rodeia-as uma atmosfera de virginal castidade, no seio da qual esses filhos alados da imaginação abatem-se asfixiados.

Belezas, como ela, foram por certo as que inspiraram as imagens de virgens dos cantos de Ossian ao espírito de quem quer que foi seu autor, daquelas virgens que o bardo comparava à neve da planície e cujos cabelos imitavam vapor do Cromla, dourado pelos raios do ocidente.

Se no azul meigo dos olhos de Jenny se não concentrava o fogo das paixões de um coração ardido, nem se descobria a cintilação denunciadora de fantasias exaltadas, havia nele não sei que misteriosa e suave luz, como se de reflexo levado para ali do mais íntimo de alma; os lábios, delgados e levemente

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 11

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432