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Capítulo 23: XXIII - Diplomacia do coração

Página 277
XXIII - Diplomacia do coração

A educação comercial de Carlos continuou e com os mais rápidos e auspiciosos progressos. À segunda noite espantava ele Manuel Quintino, apresentando-lhe os lançamentos que pela manhã fizera e nos quais o experimentado guarda-livros nada teve que notar.

A custo pôde convencer o fogoso discípulo de que não convinha que ele próprio escrevesse nos livros gerais, onde era contra as praxes aparecer letra de mais do que um indivíduo. Bastava, dizia o velho, e já não era pequeno serviço, que Carlos o auxiliasse no expediente e deixasse tudo preparado para que, ao terminar o seu impedimento, ele, Manuel Quintino, só tivesse a transcrever no Diário e no Razão as transacções operadas durante essa época.

No fim de três ou quatro serões, Manuel Quintino já não tinha que ensinar mais ao discípulo.

Ele sabia tudo!

Terminaram pois as lições, mas não terminaram com elas as visitas de Carlos, como seria natural que acontecesse. Mudaram apenas de carácter aqueles serões.

Carlos era agora o que se encarregava da leitura das folhas, com grande mágoa de José Fortunato, que não podia encontrar na diversão metade do prazer que dela recebia, quando a leitura era feita por Cecília.

De mais a mais, Carlos divertia-se muitas vezes à custa do velho. Sabendo de Manuel Quintino que ele era possuidor de vários papéis de crédito, raro era o dia em que, no decurso da leitura, não improvisava notícias e insinuações que faziam entrever uma iminente baixa de fundos e porventura uma bancarrota.

José Fortunato declamava então contra os governos presentes, passados e futuros, com toda a acrimónia que lhe era possível.

Quando os dois velhos travavam às vezes alguma discussão acalorada, Carlos aproveitava a ocasião de entrar com Cecília em um diálogo, cuja índole era cada vez mais perigosa para o coração de ambos.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 277

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432