Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 71
VII - Revista da noite

– Como te disse, Jenny – principiou Carlos, procedendo àquele extemporâneo almoço, às horas a que muita gente encetava a séria e importante tarefa da digestão do jantar – ontem correu-me a noite mais agradável que de costume.

– Sim? Então que te sucedeu?

– Eu te conto. Levantámo-nos da mesa às onze horas; foi um longo jantar, ao qual os brindes continuados não deixaram nunca desfalecer a animação. Entrei no teatro, um pouco atordoado e um pouco pesaroso; atordoado pelos efeitos excitantes daquelas muitas libações e daquele ruído todo…

– E pesaroso…

– Com os remorsos que a tua carta me veio despertar.

– Ah!… remorsos?!…

– Afianço-te que os tive. Nestas disposições de ânimo parecia-me um inferno o teatro, verdadeiros demónios aquelas ínsulas máscaras, gritos de condenados as desafinações da orquestra…

– E ficaste?

– E fiquei; fiquei, ansioso por que o final do divertimento me autorizasse a retirada. Já vejo que nem ideia fazes sequer destas coisas, que aliás são verdadeiras. Deixa-me continuar.

– Continua – disse Jenny, folheando ao acaso um livro de gravuras inglesas que estava na mesa. – Mas é deveras estranha essa maneira de te divertires… martirizando-te.

– É, confesso que é. Mas outros muitos estão neste caso; podes crê-lo.

– Bem; vamos adiante – replicou Jenny, fitando os olhos nas letras douradas da brochura.

Carlos prosseguiu:

– Deixei os meus companheiros e sentei-me extenuado; nem queria ver, nem apreciava nada do que em torno de mim sucedia. Afinal, porém, por fazer alguma coisa, reparei nos vizinhos de ombro a ombro entre quem a sorte me arrojara.

Jenny ergueu para o irmão a vista, com um modo particular.

– Do lado direito, encontrei um homem gordo, que dormia.

<< Página Anterior

pág. 71 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 71

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432