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Capítulo 14: XIV - Iminências de crise

Página 159
XIV - Iminências de crise

Enquanto Cecília passava assim pacificamente o serão daquela noite, andava Carlos procurando com ansiedade, por todos os salões de máscaras, a sua desconhecida da véspera.

Jenny notara a impaciência com que o irmão tinha aguardado a noite e, ao vê-lo sair, disse-lhe com modo particular:

– Adeus, Charles; quer-me parecer que te não recolherás desta vez pelas quatro horas da manhã.

– Quem sabe, Jenny?

– Adivinho-o.

Efectivamente não eram ainda duas horas, quando Carlos Whitestone, cansado de procurar em vão, em cada dominó e sob cada máscara de seda, a incógnita do último baile, voltou a casa em pouco agradável disposição de espírito.

Jenny, que o sentiu chegar, sorriu de novo e disse consigo mesma:

– Inda bem que terminou o Carnaval. Charles, dentro de dois dias, já pensará em outra coisa.

Acabara de facto o Carnaval. Expirara essa época votada à folia e à loucura sem rebuços e abria-se agora a da penitência e dos sermões.

Em qual das duas há mais verdades, mascaradas sob falsas aparências, deixo aos moralistas decidir. Ia principiar o reinado dos véus, durante o qual a piedade e a moda levam às sextas-feiras a multidão para a igreja de S. João Novo, e ao domingo despejam meia cidade nos arrabaldes próximos, para assistir à procissão dos Passos e ao respectivo sermão do encontro.

Quase toda a manhã de Quarta-Feira de Cinzas passou-a Carlos em casa.

Contra o que era de esperar do carácter dele, dominava-o ainda a lembrança da misteriosa máscara; o despeito de a ter deixado escapar, sem que lhe ficassem vestígios pelos quais concorria para o não deixar tranquilo agora. Estava dando tratos à imaginação, para se lembrar de qualquer meio conducente à solução daquele problema de carnaval.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 159

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432