Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 29: Capítulo 29 Pág. 142 / 258

- Isso tudo é verdade, senhor. Mas aplica-se a qualquer tentativa de fuga que fizermos, quer tenha lugar hoje ou daqui a dois anos. Portanto, a questão continua a ser: devemos ou não aproveitar uma ocasião favorável para tentarmos a fuga?

- Ainda quero preveni-lo de que o Capitão Nemo sabe que não renunciamos à esperança de recuperar a nossa liberdade. Ele estará sempre alerta, especialmente nos mares à vista de costas europeias.

- Sou da mesma opinião - manifestou-se Conselho.

- Veremos - disse Ned Land, com ar bastante determinado.

- E agora, mestre Land - falei para encerrar o assunto - fiquemos por aqui e nem mais uma palavra sobre isso. No dia em que estiver pronto para a tentativa, avise-nos e seremos seus companheiros.

Essa nossa conversa viria a ter graves consequências.

No dia seguinte, 14 de fevereiro, aconteceu um fato que me pareceu muito importante. Como sempre fazia quando o submarino navegava submerso, eu ficava de olhos pregados nos painéis do grande salão, olhando as maravilhas da fauna marítima e fazendo minhas anotações.

Nesse dia eu fui surpreendido por uma aparição realmente inesperada no painel. No meio das águas apareceu um homem, um mergulhador, tendo à cintura uma bolsa de couro. Não era um corpo abandonado nas águas.

Estava vivo e nadava com braçadas vigorosas, desaparecendo de vez em quando, possivelmente para ir à superfície respirar e voltando a aparecer no vidro do painel.

Virei-me para o Capitão Nemo e lhe disse:

- Um homem, capitão, ali no painel! Deve ser um náufrago.





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