Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 37: Capítulo 37 Pág. 195 / 258

Munido de um óculo de retículos, o qual, por meio de um espelho corrigia a refração, o Capitão Nemo observou o astro que pouco a pouco desaparecia no horizonte, seguindo uma longa diagonal. Eu segurava o cronômetro e o meu coração estava acelerado. Se o desaparecimento do sol coincidisse com o meio-dia do cronômetro, estávamos mesmo no pólo.

- Meio-dia! - exclamei.

- O Pólo Sul - falou o Capitão Nemo, com voz grave, passando-me para a mão o óculo que mostrava o astro precisamente cortado em duas metades iguais pelo horizonte. Vi os seus últimos raios coroarem o pico onde estávamos e as sombras subirem pouco a pouco pelas suas vertentes.

Naquele momento, o Capitão Nemo, apoiando a mão no meu ombro, disse-me

- Sr. Aronnax: em 1600, o holandês Ghéritk, arrastado por correntes e tempestades, atingiu sessenta e quatro graus de latitude sul e descobriu as ilhas New Shetland. Em 1773, a 17 de janeiro, o ilustre Cook, seguindo o trigésimo oitavo meridiano, atingiu 71° 15' de latitude. Em 1820; o americano Morrel, cujos relatos são duvidosos, chegando ao quadragésimo segundo meridiano, descobriu o mar livre a 70° 14' de latitude. Em 1825, o inglês Powell não conseguiu ultrapassar o sexagésimo segundo grau. No mesmo ano, um simples pescador de focas, o inglês Weddel, chegou a 72º 14' de latitude no trigésimo quinto meridiano e a 74° 15' no trigésimo sexto. Em 1829, o inglês Foster, comandante do “Chanticleer”, tomava posse do continente antártico a 63° 26' de latitude e 66° 26' de longitude. Em 1831, no dia 1.° de fevereiro, o inglês Biscoae descobria a terra de Enderby a 68° 50', de latitude; a 5 de fevereiro de 1832, a terra de Adelaide, a 67º de latitude, e a 21 de fevereiro a terra de Graham, a 64° 45' de latitude.





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