Essas rochas estavam cobertas de grandes ervas, de laminárias e bodelhas gigantes. Uma verdadeira latada de hidrófitas, digna do mundo dos Titãs. Eram cerca de onze horas, quando Ned Land me chamou a atenção para um formidável turbilhão produzido entre as algas.
- São autênticas cavernas de polvos e não me admiraria nada se víssemos alguns desses monstros.
- Como? - perguntou Conselho. - Calmares, simples calmares da classe dos cefalópodes?
- Não - respondi - polvos de grandes dimensões. Mas o nosso amigo Ned deve ter-se enganado, porque não vejo nada.
- Lamento muito - disse Conselho. - Gostaria de ver um desses polvos de que tanto ouvi falar, e que podem arrastar navios para os fundos dos abismos. A esses animais chamam “krak…“
- Krak chega - disse ironicamente o canadiano.
- Krakens - retorquiu Conselho, acabando a palavra sem se preocupar com - a brincadeira do companheiro.
- Nunca me farão acreditar que esses animais existem.
- Por que não? - perguntou Conselho. - Acreditamos no narval.
- E erramos, Conselho.
- Sem dúvida. Mas tem gente que ainda acredita.
- É provável. Quanto a mim só acreditarei na existência desses monstros quando os dissecar com as minhas com próprias mãos.
- E o senhor acredita nos polvos gigantescos?
- Quem alguma vez acreditou? - exclamou o canadiano.
- Muita gente, amigo Ned - falei. - Pescadores certamente que não.