Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 41: Capítulo 41 Pág. 213 / 258

Ali, elevavam-se altas falésias submarinas, muralhas a pique feitas de blocos desgastados, dispostas em grandes camadas, entre as quais se viam enormes buracos negros que os nossos raios elétricos não conseguiam iluminar até o fundo.

Essas rochas estavam cobertas de grandes ervas, de laminárias e bodelhas gigantes. Uma verdadeira latada de hidrófitas, digna do mundo dos Titãs. Eram cerca de onze horas, quando Ned Land me chamou a atenção para um formidável turbilhão produzido entre as algas.

- São autênticas cavernas de polvos e não me admiraria nada se víssemos alguns desses monstros.

- Como? - perguntou Conselho. - Calmares, simples calmares da classe dos cefalópodes?

- Não - respondi - polvos de grandes dimensões. Mas o nosso amigo Ned deve ter-se enganado, porque não vejo nada.

- Lamento muito - disse Conselho. - Gostaria de ver um desses polvos de que tanto ouvi falar, e que podem arrastar navios para os fundos dos abismos. A esses animais chamam “krak…“

- Krak chega - disse ironicamente o canadiano.

- Krakens - retorquiu Conselho, acabando a palavra sem se preocupar com - a brincadeira do companheiro.

- Nunca me farão acreditar que esses animais existem.

- Por que não? - perguntou Conselho. - Acreditamos no narval.

- E erramos, Conselho.

- Sem dúvida. Mas tem gente que ainda acredita.

- É provável. Quanto a mim só acreditarei na existência desses monstros quando os dissecar com as minhas com próprias mãos.

- E o senhor acredita nos polvos gigantescos?

- Quem alguma vez acreditou? - exclamou o canadiano.

- Muita gente, amigo Ned - falei. - Pescadores certamente que não.





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