Depois, como que para afastar algum pensamento funesto, perguntou-me:
- O professor sabe qual é a profundidade média dos oceanos?
- Sei apenas o que as últimas sondagens nos revelaram. Se não me engano, verificou-se uma profundidade média de oito mil e duzentos metros no Atlântico Norte e de dois mil e quinhentos metros no Mediterrâneo. As sondagens mais importantes foram feitas no Atlântico Sul, perto do trigésimo quinto grau, e deram: doze mil metros, catorze mil e noventa “e um metros e quinze mil cento e quarenta e nove metros. Resumindo, calcula-se que se o fundo do mar fosse uniforme teria uma profundidade média de cerca de sete quilômetros.
- Espero mostrar-lhe algo melhor do que isso - disse-me o capitão. - Quanto à profundidade média desta zona do Pacífico, digo-lhe que é de apenas quatro mil metros.
Dito isto, dirigiu-se para o alçapão e desapareceu pela escada. Eu o segui e fui para o salão. A hélice pôs-se imediatamente em movimento e o navio atingiu uma velocidade de vinte milhas por hora.
Nos dias e semanas que se seguiram, eu o vi muito raramente. O imediato fazia o ponto de nossa posição todos os dias e o assinalava no mapa. Assim eu podia seguir a rota do “Nautilus”.
Conselho e Land passavam muitas horas comigo. Conselho tinha contado ao amigo as maravilhas do nosso passeio e o canadiano lamentava não nos ter acompanhado. Para consolo dele, todos os dias, durante algumas horas, abriam-se os painéis do salão e os nossos olhos nunca se cansavam de apreciar os mistérios do mundo submarino.
No dia 26 de novembro, às três horas da manhã, o “Nautilus” chegou ao Trópico de Câncer, a cento e setenta e dois graus de longitude.