Ele a trouxe logo e ficou ao meu lado, ajudando-me a puxar a rede que sempre vinha carregada com conchas comuns, ostras perlíferas e algumas tartarugas pequenas. Sempre observando o que apanhávamos, eu encontrei uma concha que me chamou a atenção porque a sua espira em vez de estar enrolada da direita para a esquerda, estava enrolada da esquerda para a direita. Uma concha canhota.
Eu estava observando o meu precioso achado quando uma pedra atirada desastradamente por um indígena quebrou-a na mão de meu criado que a segurava naquele momento. Soltei uma exclamação de aborrecimento. Aquela concha era realmente um belo objeto.
Conselho pegou a espingarda e fez pontaria em um selvagem que balançava a sua funda a uma distância de dez metros de nós. Tentei impedi-lo de disparar, mas o tiro saiu e a bala foi quebrar a pulseira de amuletos que pendia do braço do indígena.
- Foi aquele canibal que começou o ataque, senhor! - desculpou-se ele, quando reprovei o seu ato.
A situação alterou-se em poucos instantes. Cerca de vinte pirogas cheias de indígenas se dirigiram para o “Nautilus”.
- Vou prevenir o Capitão Nemo - falei e desci rapidamente pelo alçapão. Uma chuva de flechas começara a cair na plataforma do barco.
Fui encontrar o capitão no seu quarto e lhe expus a situação.
Ele me ouviu tranquilamente e depois disse:
- Então só temos que fechar os alçapões.
- Precisamente, capitão. As pirogas dos indígenas estão a cercar-nos. Dentro de alguns minutos seremos assaltados por algumas dezenas de selvagens.
- Não corremos tal risco, professor - sossegou-me o capitão.