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Capítulo 67: No gabinete do Procurador Régio

Página 639
Não era assim na minha juventude, não era assim na noite de noivado em que estávamos todos sentados à roda de uma mesa na Rua do Cours, em Marselha. Mas depois tudo mudou em mim e à minha volta; a minha vida gastou-se a perseguir coisas difíceis e a quebrar, nas dificuldades, aqueles que voluntária ou involuntariamente, por sua livre vontade ou por acaso, se encontraram colocados no meu caminho para me suscitar essas coisas. É raro que o que desejamos ardentemente não seja defendido com afinco por aqueles de quem o pretendemos obter ou aos quais tentamos arrancá-lo. Assim, a maioria das más acções dos homens vieram ao encontro deles mascaradas especiosamente de necessidade. Depois da má acção cometida num momento de exaltação, de medo e de delírio, chegamos à conclusão de que poderíamos ter passado por ela e evitado-a. Então, o meio que teria sido conveniente empregar, mas que, cegos como estávamos, não vimos surge-nos diante dos olhos fácil e simples, e dizemos para connosco: «Porque não fiz isto em vez de fazer aquilo?” As senhoras, pelo contrário, muito raramente são atormentadas por remorsos, porque também muito raramente a decisão é sua. As suas desgraças são-lhes quase sempre impostas, as suas faltas são quase sempre o crime dos outros.

- Em todo o caso - respondeu a Sr.ª Danglars -, admita que, se cometi uma falta, essa falta foi pessoal e por ela fui severamente castigada a noite passada.

- Pobre mulher! - murmurou Villefort, apertando-lhe a mão. - Demasiado severamente para a sua energia, pois por duas vezes esteve quase a sucumbir, e no entanto...

- O quê?

- Bom, devo dizer-lhe ... Apele para toda a sua coragem, minha senhora, porque ainda não chegou ao fim.

- Meu Deus! - exclamou a Sr.ª Danglars, aterrada. - Que mais há ainda?

- A senhora só vê o passado, e claro que ele é sombrio. Pois imagine um futuro ainda mais sombrio, um futuro... horrível, certamente... e talvez sangrento!

A baronesa conhecia a calma de Villefort. Por isso, ficou tão apavorada com a sua exaltação que abriu a boca para gritar, mas o grito morreu-lhe na garganta.

- Como ressuscitou esse passado terrível? - disse Villefort. - Como saiu como um fantasma do fundo da sepultura e do fundo dos nossos corações, onde dormia, para nos fazer empalidecer as faces e corar a fronte?

- Infelizmente, sem dúvida, por acaso - declarou Hermine.

- Por acaso! - repetiu Villefort. - Não, não, minha senhora, não se trata de obra do acaso!

- Claro que trata. Não foi o acaso, fatal é certo, mas de qualquer maneira o acaso, que originou tudo aquilo? Não foi por acaso que o conde de Monte-Cristo comprou aquela casa.

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pág. 639 (Capítulo 67)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 639

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069