Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 24: XXIV - A Opinião pública

Página 135
XXIV - A Opinião pública

A opinião dos três capitalistas dignamente acatados no anterior capítulo frisava com a opinião geral da sociedade portuense sobre o casamento de Ângela com o cirurgião Costa. As segundas núpcias tinham evidenciado o crime das primeiras. A infâmia de Ângela era indelével, e já pode ser que mais repulsiva, desde que ela afrontou a moral, passando em frente dos amigos de Fialho pelo braço do amante que causara a morte do honrado brasileiro, dizia a maiata, e Francisca Ruiva, e outras Ruivas, que me estão pedindo crónica. E hão de tê-la. A cortesia não se exercita somente com as senhoras honestas.

Francisco José da Costa leu a opinião pública no volver de olhos dos magotes que se arrebanhavam nas praças, e no petulante encarar das mães, que segredavam às filhas a desmoralização da mulher de Fialho. O cirurgião era alvo da injúria, cuspida nas costas, por seus próprios colegas. Era simples o libelo infamatório: acusavam-no de se ter formado à custa dos brilhante de um brasileiro, roubados por sua mulher.

Ângela encontrou um dia numa algibeira de casaco uma recente carta anónima em que um amigo aconselhava a seu marido que saísse do Porto, se precisava de viver pela arte. E ajuntava ao conselho a causa promotora de tão amigável aviso: É odioso na sociedade o homem que se habilitou para entrar nela com o dinheiro de uma senhora casada. E, se esta senhora roubou, desonrou e matou o marido... mil vezes horrendíssimo!

Ângela da Costa leu e chorou. Depois arguiu-se de fraca, e desmerecedora dos bens com que Deus lhe apremiara a sua paciência nas injúrias.

Guardou a carta, e assim que o marido recolheu, foi para ele risonha, e disse em tom de queixume:

- Por que me não mostraste logo esta carta, meu filho?

- Ah! - acudiu Francisco - Tinha tenção de mostrar-te; mas esqueceu-me a carta e o intento.

<< Página Anterior

pág. 135 (Capítulo 24)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 135

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174