— Não, estava a pensar.
Pousei a vela e, ao ver que ele me estendia a mão, acabei por sentar-me na beira da cama.
— Posso saber em que é que estava a pensar? — inquiri.
— Em si, claro, minha querida! Em que mais poderia eu estar a pensar?
— Ah, por muito que a ideia me deixe lisonjeada, preferia que estivesse a dormir.
— Bom, claro que também estava a pensar nesta confusão que há entre nós.
Percebi que a sua mão não perdera a firmeza.
— Que confusão, Miles?
— Ora, a maneira como está a educar-me e tudo isso!
Sustive a respiração durante um minuto e, embora a luz emitida pela vela fosse bastante fraca, pude ver que o seu rosto se iluminava com um sorriso.
— Que quer dizer com «tudo isso»?
— Ora, a senhora sabe!
Fui incapaz de dizer o que quer que fosse durante um minuto, embora eu sentisse, enquanto lhe segurava a mão e os nossos olhos continuavam a fixar-se mutuamente, que o meu silêncio significava a admissão de que, naquele momento, nada era tão fabuloso quanto a nossa relação.