— Nunca ser incomodado. Nunca, mas mesmo nunca. Aquela que aceitasse o cargo nunca a ele deveria recorrer, nem pessoalmente nem por escrito. Qualquer problema que surgisse deveria ser resolvido pela governanta, que receberia o dinheiro que lhe era devido por intermédio do seu solicitador, e isto, repito, sem nunca a ele se dirigir. Foi isto que a minha amiga prometeu fazer, tendo-me ainda dito que, tendo ainda oscilado entre o perturbado e o deliciado, quando ele lhe estendera a mão para lhe agradecer o sacrifício, se sentira plenamente recompensada.
— E a recompensa por ela recebida foi apenas essa? — inquiriu uma das senhoras.
— Ela nunca mais voltou a vê-lo.
— Oh! — exclamou a senhora, e, visto o nosso amigo nos ter abandonado quase no mesmo instante, esta transformou-se na única palavra importante relacionada com o assunto em causa até ao momento em que, na noite seguinte, sentado na melhor poltrona colocada junto à lareira, Douglas abriu um caderno antigo, de capa vermelha e desbotada, os cantos dourados. A sua leitura integral excedeu em muito uma simples noite, mas, na primeira ocasião que lhe surgiu, a mesma senhora tratou de colocar mais uma questão:
— Qual é o título?
— Nunca lhe dei título.
— Oh, mas eu sim! — exclamei. Contudo, Douglas não me prestou qualquer atenção e, com uma voz deveras clara, como se com isto estivesse a prestar homenagem à beleza da caligrafia da autora daquelas páginas, deu início à leitura.