Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 20: XX - O Doente e o doutor

Página 114

De súbito, perguntou com a fronte avincada.

- E para onde foi a Sr.ª D. Ângela?

- Não sei: os meus amigos ainda a viram sair com a criada pela rua acima, tomar para o largo do Laranjal, e não souberam mais nada. Eu, passadas duas semanas, fiz-me de vela para aqui.

- Mas não pode o Sr. Fialho conjecturar onde ela iria ter?

- Quem sabe lá?!

- Ela saiu sem dinheiro?

- Acho que sim. não me faltou nada de casa. Tinha lá umas jóias, que eram da mãe, e deixou-as.

- Então saiu em circunstâncias de pedir esmola?

- Esmola?... Acho que não...

- Por que acha que não?... Uma senhora pobre, educada como fidalga, não exercitada em qualquer trabalho, de repente privada de meios, e indigente, que faria?

- Não sei... lá se avenha...

- Suponha o Sr. Fialho que D. Ângela de Noronha, em vez de trabalhar, porque não sabia, e em vez de mendigar, porque não podia, começou a vender-se porque era bonita!... Se assim acontecesse...

Demorou-se, instantes, sufocado Francisco, e repetiu:

- Se assim acontecesse...

- O senhor parece que está a lagrimejar?!

- Estou, não há dúvida... porque me compadeço dessa pobre senhora...

- Compadece?... Então acha que é bonito uma mulher desonrar um homem de bem?

- Quem é o homem de bem?

- Sou eu...

- O Sr. Fialho?!

- Então vossa senhoria duvida?!

- Não duvido. Tenho a certeza de que o senhor é...

A cadeira de Francisco Costa tremia em vibrações. Ao brasileiro aumentou-se-lhe o espanto, quando viu o doutor erguer-se de salto e lançar mão do chapéu.

- Vai-se embora doutor?!... O senhor não vai bom!... Que é lá isso? Venha cá!

- Lembrei-me que tenho doentes, e a hora de os visitar já passou, mas volto logo - respondeu o médico, examinando o relógio, sem ver a hora.

- Nada... vossa senhoria sabe alguma coisa de minha mulher.

<< Página Anterior

pág. 114 (Capítulo 20)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 114

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174