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Capítulo 20: XX - O Doente e o doutor

Página 116
Aprazivelmente reconheceu a sanidade do espírito do homem, que lhe dizia com voz roufenha:

- Sempre vossa senhoria é um grande cirurgião! Palavra de honra, que eu estava a espichar desta!

Francisco Costa disse à concubina que saísse do quarto, e sentou-se à cabeceira do doente.

- Parece-lhe que estou pior, doutor? - disse assustado o brasileiro, traduzindo funestamente o aspecto severo e pensativo de Francisco.

- Não senhor. Está melhor. Poderá o Sr. Hermenegildo ler um papel que eu aqui tenho?

- Ler um papel?! Que papel é esse? Posso ler perfeitamente.

- Leia.

Fialho recebeu uma meia folha de papel selado, que continha o seguinte:

Declaro eu abaixo assinado Hermenegildo Fialho Barrosas, negociante que fui no Porto, e atualmente morador no Rio de Janeiro, que recebi do cirurgião Francisco José da Costa, residente na mesma cidade, a quantia de um conto, seiscentos e cinquenta mil réis, fortes, que minha mulher D. Ângela de Noronha tinha emprestado a Joana Costa, irmã do dito cirurgião, e costureira residente no Porto, a fim de com esta quantia, recebida em diversas parcelas, o referido cirurgião poder continuar a completar a sua habilitação para curar. E, como isto é verdade, pedi ao dito Francisco José da Costa que este fizesse para eu assinar a presença de três testemunhas que são...

Aqui terminava a leitura.

Hermenegildo sentara-se espantado no leito, ao passo que Francisco tirava duma carteira um maço de notas, e lhe dizia serenamente:

- Torne a ler, se quiser, Sr. Fialho; mas não me faça perguntas; porque tudo que tenho a responder-lhe está aí. Eu sou o irmão da viúva honrada que ia a sua casa. Fui um moço pobre que a Sr.ª D. Ângela conheceu bom e digno de ser estimado na mocidade de ambos. Recebi dessa virtuosa senhora a esmola da minha formatura, ignorando a quem a devia.

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pág. 116 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174