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Capítulo 22: XXII - Felicidade suprema

Página 124
.. - disse Ângela, concentrando-se outra vez com desacostumada melancolia.

- Então que é isso? - disse meigamente Joana, tocando-lhe nas mãos que ela enclavinhara amparando a fronte.

- E seu irmão? - disse Ângela, como se a pergunta saísse de um diálogo mental.

- Meu irmão? O quê, minha amiga?

- Não o hei de ver mais?

- Por que não, Sr.ª D. Ângela? Pois que razão há para que o não veja?

- Quando a felicidade do coração se tornou impossível...

- Impossível, não. Vossa excelência quis ser noutro tempo esposa de meu irmão. Quem sabe se um dia poderá mais livremente dispor da sua vontade!... Seu marido tem bastante idade...

- Eu era nesse tempo a mulher com o prestígio que se desfez... Esse homem, que me prendeu ao remorso e vergonha de me deixar vencer da compaixão e dos baixos pensamentos de ser rica, igualou-me a qualquer mulher vulgar... Se eu desmereci aos meus próprios olhos, autorizei todo o mundo a considerar-me aviltada...

- Não diga isso, minha senhora... - atalhou Joana, tomando-lhe as mãos cariciosamente. - Pois não vê nessas sinceras confissões de meu irmão como ele a amava?...

- Amava a saudade; não era a mulher; amava o passado e que lá se perdeu. À luz que então me via não poderá ver-me jamais. Eu hei de ser sempre a esposa ou a viúva dum homem que me lançou de si com desprezo... E, depois, a gratidão das almas nobres, como a de Francisco, pode levá-lo a dobrar-me o joelho com admiração: mas, com amor, nunca. Eu sei isto, adivinho isto. Se eu vendesse a casinha única onde me abrigasse para lhe melhorar a sorte dele, essa dedicação sublime duplicaria o meu direito a ser amada; mas eu, quando bem penso no que fiz, duvido que me louvem os estranhos, e sinto esfriar a veemência de gratidão naquele mesmo por amor de quem me pareceu louvável o ato que pratiquei.

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pág. 124 (Capítulo 22)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 124

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174