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Capítulo 22: XXII - Felicidade suprema

Página 125
Mas eu não queria que me agradecesse; queria até que ele ignorasse sempre, para eu não ficar desdourada. Vê por que tantas vezes lhe tenho pedido que não me descubra? E a minha amiga sempre a querer, sempre a instar que eu a deixe contar-lhe tudo. Oh! Não o faça, por piedade lhe peço que não lho diga! Se ele vier um dia a Portugal, basta que lhe faça saber que eu não fui má esposa... que fui caluniada; mas que não há no mundo quem possa provar que eu meditei um instante em justificar um crime com os exemplos de meu marido. Assim posso ser amada... e eu queria sê-lo, queria, minha amiga, porque dos dezasseis aos vinte e nove anos, vão milhares de dias e noites em que nunca esqueci seu irmão. Houve um tempo em que julguei mal, porque Deus lhe dera a virtude que esmaga o coração, porque o meu desatino queria ser excedido pela paixão do homem que me obrigava à voluntária pobreza, às injúrias de meus parentes, ao perdimento de um grande património e da herança de um nome nobre. Que me importava isso? Mas seu irmão, minha amiga, tinha riquezas superiores: a santificação da virtude, uma coisa que se adora de joelhos depois que se tem sido desgraçada, e se lidou seis anos com um homem de condição vil.

Nesse momento, Vitorina assomou numa janela, dizendo que estava um homem perguntando pela dona da casa.

- Será carta do Brasil? - perguntou Joana.

- Não é, - disse baixinho Vitorina - é uma pessoa asseada com barbas grandes. - E, voltando-se subitamente, soltou um grito, e disse para dentro:

- O senhor entra pela casa assim, sem esperar resposta?

O sujeito sorriu-se à indignação da velha, que não reconheceu, acercou-se da janela, debruçou-se para o quintal, e cravou espantados olhos nas duas senhoras!

- É ele! É meu irmão! - exclamou Joana.

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pág. 125 (Capítulo 22)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 125

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174