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Capítulo 28: XXVIII - Confidências do cego

Página 156

- Senhor conde - disse Pizarro - razão tinha vossa excelência para supor que a senhora D. Maria estava compadecida. Ela aí está com o rosto coberto de lágrimas.

- Obrigado à sua compaixão, obrigado mil vezes, minha senhora! - agradeceu o cego com a voz tremente.

- Maria - disse Francisco - dá ordem a que venha um caldo para o senhor conde.

- Eu não tenho vontade; mas o meu dever é obediência ao médico - condescendeu o conde.

- E vossa excelência jantará um pouquinho mais tarde - continuou Costa, dirigindo-se ao parente do conde.

- Eu vou retirar-me porque me esperam em Monte Alegre, e almocei para jantar à noite. Voltarei aqui, se me dá licença, de três em três dias.

- Sempre que vossa excelência queira honrar-me. Depois de amanhã há de ser operado o senhor conde.

Mandei chamar um ajudante a Chaves, e só então aqui estará.

Retirou-se o flaviense, felicitando o primo pela ventura de ter achado o seio de tão carinhosa família.

- Quando aqui estiver três dias, cuidarei que é a minha - disse o cego tomando o caldo das mãos de Ângela, enquanto Joana lhe aconchegava as almofadas para encosto dos braços.

E, no correr deste lance, Vitorina, com as mãos postas, e os beiços chegados às pontas dos dedos, e a cabeça um pouco inclinada, não desfitava os olhos absortos da cabeça de Simão de Noronha.

Estava ela comparando o gentil capitão de cavalaria, o mancebo de olhos negros e tez morena, o fragueiro caçador que ensinava cavalos a galgar penedias, enfim, o galhardo amante de D. Maria d’Antas. E, quando a ideia da velha tropeçava neste nome, como num túmulo, queria ela ver, à beira do ancião, o espectro terribilíssimo duma mulher estrangulada.

*****

Ao outro dia, o cirurgião foi ver os seus enfermos no circuito de algumas léguas, recomendando à esposa:

- Sê o que deves ser, minha filha.

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pág. 156 (Capítulo 28)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 156

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174