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Capítulo 4: IV - Tribunal de honra

Página 18

- Não tem razão de se agoniar, amigo Fialho - contrariou mansamente Pantaleão. - Isto veio ao caso de você perguntar se tínhamos ouvido falar de sua mulher...

- Mas ouviram? - acudiu arrebatado o esposo de Ângela.

- Eu não! - condisseram os três simultaneamente: - mas você bem sabe - ajuntou Joaquim António, ressalvando melhor juízo - que a nós ninguém dizia nada porque sabem que o Fialho e nós somos carne e unha.

- Sim - obtemperou Pantaleão - pode ser que haja alguma coisa; mas pelo que eu sei não perde ela.

- Mas vocês entendem que o dinheiro não foi para esmolas... - repisou o marido incomodado.

- Sim, eu... - murmurou Joaquim.

- A falar a verdade... - disse outro.

- É muita esmola... - concluiu o terceiro.

- Não que o administrador disse que podia ser!... - sobreveio Fialho, casquinando uma risada gosmenta.

- O administrador é um asno! - definiu laconicamente Pantaleão.

- Asno e mais alguma coisa! - obtemperou Atanásio.

- E então dizem vocês - tornou o brasileiro - que eu devo meter já minha mulher num convento?

- Pudera... - apoiou o marido de Francisca Ruiva.

- Deve dar esse exemplo de moral pública! - confirmou o marido da maiata.

- E saber quem lhe comeu os brilhantes para se lhe dar cabo da casta! - adicionou o matador do caixeiro.

- E isto como há de ser? - volveu meditativo o interrogador dos honrados juizes de sua dignidade. - Eu não a quero ver mais diante de meus olhos!

- Também nos parece acertado isso... - conveio um dos três.

- Pois então, é mister que os meus amigos se encarreguem de lhe dizer que se recolha a um convento.

- Não me nego a servi-lo, Sr. Fialho, no que puder ser-lhe útil - disse magnanimamente Atanásio. - Os amigos conhecem-se nas ocasiões, percebe você? Quer então que vamos dizer a sua mulher que é preciso já já entrar num convento.

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pág. 18 (Capítulo 4)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 18

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174