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Capítulo 6: VI - Amigos do seu amigo

Página 28
senhora deve confessar o que fez ao dinheiro, quem lho apanhou, que qualidade de pessoa era; porque as mulheres não podem dispor assim dos capitais dos seus homens, aliás ninguém pode contar com o que é seu; e de mais a mais dar um conto seiscentos e cinquenta mil réis sem dizer a quem, era caso para desconfiar de certas coisas muito feias, etc., etc., etc. Enfim, o amigo Atanásio batalhou com ela, apertou-a por todos os lados, mas respondeu você, compadre? Não respondeu? Nem ela! Vai depois, o amigo Joaquim falou também com toda a prudência e cortesia, discorrendo a respeito da honra dum homem, e também não fez nada. Enfim, como ela estivesse a ouvir sem responder uma nem duas, eu tomei a palavra, e disse que o senhor seu marido lhe ordenava que se recolhesse sem perda de tempo a um convento. Agora é que são elas! - prosseguiu Pantaleão Mendes batendo nas próprias pernas duas palmadas que soaram como se as ponderosas mãos batessem nas pernas dum Sileno de pedra. - Quem cuida você, compadre, que ela respondeu?! Que...

- Que não ia! - atalhou o brasileiro, careteando com os olhos e boca e nariz uma temerosa carranca de cólera.

- Isso mesmo! - conclamaram os três.

- “Não vou” - acrescentou o relator - “não vou para convento” disse ela. E disse mais: - “Meu marido tomou conta das jóias que eram de minha mãe; que fique lá com o dinheiro dos brilhantes, e que me mande o resto; se quiser mandar; se não quiser, que fique com tudo. Convento é que não”. Há de ir! Gritei eu; há de ir, que seu marido

é quem governa na senhora. - “Não vou” teimou ela. Então que quer a senhora fazer, se seu homem a deixar, sem que comer, nem que beber, nem casa? - “Trabalharei para viver; e, se morrer de fome, Deus me dará o céu, porque morrerei honrada e inocente”.

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pág. 28 (Capítulo 6)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 28

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174