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Capítulo 6: VI - Amigos do seu amigo

Página 29
Foi o que ela me disse, e nós quedamos a olhar uns p'ros outros. Disse-lhe então o amigo Atanásio que dissesse a quem deu o dinheiro, se estava honrada e inocente.

- E vai ela... - acudiu o brasileiro, ansiadamente.

- Respondeu que só se confessava a Deus, que sabia a pureza do seu coração. Não foi isto, Sr. Atanásio?

- Sem tirar nem pôr.

- Tornei a fazer-lhe outra prédica - prosseguiu Pantaleão. - Disse-lhe tudo quanto me lembrou em termos comedidos, não sei se me entende? Não acreditei que ela fosse honrada e inocente por várias razões. Ouviu-me tudo com má cara, e pôs-se de pé, e disse que, se lhe não queríamos mais nada, que podíamos ir à nossa vida. Veja você que atrevida má criação a da tal senhora! Impor deste modo três amigos de seu marido, que iam ali tratar dum negócio muito sério! Coisa assim nunca me aconteceu na minha vida; e só pela honra dum amigo velho é que se pode tragar destes bocados! À vista disto, a nossa comissão estava acabada. Não tínhamos que fazer ali. Pegamos nos chapéus, e nas bengalas, e saímos. Aqui tem o acontecido. Você fará o quiser, compadre.

Hermenegildo começou a passear na sala, jogando de braços por maneira que parecia ensaiar-se com eles para esvoaçar. Os amigos contemplavam-no com umas caras tristes, quando um criado entrou com uma bandeja, na qual transparecia em cristais a opala de antiquíssimos vinhos, lardeados de marmelada, e outras frutas açucaradas que negaceavam o apetite. O bizarro dono da casa convidou os quatro atribulados a honrarem a sua garrafeira, e sem esforço obteve que todos, exceto Fialho, rebatessem os ímpetos da sua angústia com alguns tragos de licor que investe os ânimos de força reagente, e infunde estoicismo nas mais sandias almas.

- Compadre, beba deste - disse Atanásio sobpondo ao nariz do amigo aflito o cálix aromático.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 29

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174