Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: XII - A Fuga

Página 61

- Eu vou - disse atribulada Ângela - eu vou; que não vão eles fazer-lhes mal, meus amigos. Adeus, adeus, que não nos tornamos a ver... - E, abraçando Joana, balbuciou coberta de lágrimas: - Diga a seu irmão que lhe perdôo, que fez bem em fugir, senão talvez o matassem...

E desceu pressurosamente as escadas.

Logo que saíram à rua, ouviram a estropeada de criados, que eram muitos, acaudilhados pelo capelão, sujeito de má rês.

- Vamos por outro lado - disse Vitorina receando o encontro.

- Não - obstou Ângela. - Se eles me não encontram, são capazes de arrombar a porta desta pobre gente. Vamos direitas a eles. Se não queres vir comigo, vai por outra banda.

- Não, minha menina, hei de acompanhá-la, aconteça o que acontecer... - disse Vitorina.

A poucos passos encontraram a chusma. Ângela parou. O capelão aproximou-se a reconhecê-la, e disse severamente:

- Donde vem vossa excelência?

- Vou para casa - respondeu imperturbada a fidalga.

- Mas donde vem? - insistiu o padre.

- Que lhe importa?

- Importa, sim, senhora - replicou ele, apertando entre os dedos o marmeleiro argolado que vergava sob a pressão daquelas mãos ungidas de sacerdote de Jesus; e prosseguiu: - Eu queria ver a cara ao bandalho; queria mandar as orelhas dele de presente ao senhor general Simão de Noronha.

Ângela ladeou a turba, e, traspassada de súbito medo, seguiu caminho de casa. Os criados, imitando o padre, seguiram-na de perto.

Entrou a senhora pela porta principal. D. Beatriz, rodeada de criadas e vizinhas, estava na primeira sala. Ângela perdeu o ânimo, quando avistou do patim a multidão que estava dentro. Voltou-se então muito desalentada para Vitorina, e disse:

- Quem me dera morrer neste instante!...

O capelão adiantou-se, mandando recolher os criados.

<< Página Anterior

pág. 61 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 61

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174