Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 23: CAPÍTULO XI

Página 131

Colocámos Ritmel no carro; com mantas fizemos-lhe uma espécie de ninho, cómodo e mole, e o cavalo trotou rapidamente, pela rua de S. Marcos, para casa de Ritmel. aí grande rumor entre os oficiais ingleses. Eu contei uma incoerente história de assalto ao florete, em que a minha arma subitamente se tinha desembolado. A história era inaceitável; mas era fácil compreender que havia por traz dela um segredo delicado, e isto era o bastante para a altiva reserva de gentlemen.

Ritmel, aos primeiros curativos, serenou e adormeceu.

Tudo tinha sido feito em silêncio, desapercebidamente. Fui tranquilizar a condessa. Eram três horas da noite. Havia temporal, e eu sentia quebrar o mar nas rochas da baía. Tudo dormia em Clarence-Hotel.

- Agora nós! disse eu. E dirigi-me ao quarto de Carmen.

Havia luz. Abri a porta, corri o reposteiro, entrei. A luz era frouxa, desmaiada. A princípio não distingui ninguém e ouvi apenas soluçar. enfim sobre um sofá, deitada, enroscada, sepultada, vi Carmen, com a cabeça escondida, o penteado solto, coberta de sangue e abraçada a um crucifixo. Ao pé, sobre uma mesa, havia uma garrafa de cognac e um pequeno frasco azul facetado. Quando sentiu os meus passos no tapete, Carmen levantou-se um pouco no sofá. Naquele momento a sua beleza era prodigiosa.

Tinha os cabelos soltos: os olhos reluziam como aço negro, e o penteador, aberto sobre o peito, deixava ver a beleza maravilhosa do seio.

Confesso que não foi a ideia da vingança e do castigo que me tomou o espirito diante daquela mulher tão terrivelmente possuída da paixão. Lembraram-me as figuras trágicas da arte, Lady Macbeth e Clitemnestra, e tanta beleza, tanto esplendor, fizeram-me subir ao cérebro um vapor de amores pagãos.

Ela tinha-se erguido e, com uma voz seca:

- Que quer?

Eu fiquei calado.

<< Página Anterior

pág. 131 (Capítulo 23)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 131

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240