Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 30: CAPÍTULO III

Página 167
Não posso ficar, não posso morrer aqui; tenho que escrever, preciso de chegar a casa quanto antes.

E fazendo um grande esforço continuou a caminhar apoiada como estava, com passo vacilante e vagaroso, ansiada, arquejante, parando a todo o momento para receber nos pulmões o ar que lhe faltava.

Eu ia absorvido pelo aspeto de tamanha dor. Acudia-me de longe a longe uma palavra, que não me atrevia a pronunciar, receando que ela pudesse imaginar que eu tentava perscrutar a causa do seu infortúnio com uma indiscrição grosseira.

A rua em que íamos andava-se concertando e estava coberta de uma camada de seixos britados e soltos, por cima de cujos ângulos percucientes e cortantes eramos obrigados a caminhar. Chegávamos à esquina da rua quando ela, voltando-se para a pessoa que a acompanhava, e que então vi ser uma criada, lhe disse:

- Bety, calça-me o sapato. Saiu-me do pé.

A criada ajoelhou-se, e exclamou:

- O cetim está espedaçado! O pé deita sangue!

A condessa pareceu não ouvir, e continuou a caminhar resolutamente.

Maravilhava-me e compungia-me o valor de alma daquela débil natureza, e sentia-me arrebatado a levantar do chão e a transportar nos meus braços aquele formoso corpo tão corajosamente subjugado. Felizmente, de uma travessa próxima desembocou pouco depois uma carruagem de praça, vazia. A condessa, que tinha visivelmente a maior pressa de chegar, entrou, com a criada que a acompanhava, na carruagem que eu mandei aproximar. Fechei a portinhola e disse à condessa baixo, quase ao ouvido, dando-lhe o meu bilhete:

- Minha senhora, quaisquer que sejam as causas, quaisquer que sejam as consequências da estranha aventura que acaba de aproximar-se de V. Exa., vá na firme certeza de que ninguém no mundo saberá do encontro que acabamos de ter.

<< Página Anterior

pág. 167 (Capítulo 30)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 167

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240