Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 172
Tinha os lábios entreabertos como os de quem vai soltar um grito, e o queixo trêmulo oscilava-lhe como o das crianças subjugadas pelo terror no instante de lhes rebentar o choro. Por fim disse-me lentamente, com palavras pesadas, firmes, entrecortadas, como se estivesse retalhando o coração e dando-mo em bocados!

- Peço-lhe que não me condene pelas primeiras palavras que vai ouvir.

E, em voz baixa, depois de um breve silêncio, acrescentou:

- Eu matei um homem.

- Que diz?! gritei eu estupefato. Está louca! enlouqueceu!

- Não. Não estou louca, disse ela grave e serenamente. Não enlouqueci ainda. E admiro isto. Como têm decorrido estas horas, minuto por minuto, segundo por segundo, sem que a minha razão sucumbisse nesta desgraça infinita, sem remedio, sem termo, sem remissão! Matei um homem… Involuntariamente, sim, mas matei-o. Quero entregar-me aos tribunais, estou pronta, estou deliberada. Estendendo os olhos ao meu futuro, não vejo senão uma esperança, senão um lenitivo único no prazer de morrer em tormentos, que eu abençoarei como os maiores benefícios do céu, de morrer de fome, de desprezo, de miséria, prostrada no fundo de uma enxovia, no porão de um navio, ou abandonada num a praia da Africa, abrasada pelo sol, sobre as areias ardentes, roída pelo cancro, devorada pela sede e pela febre. Por mim uma só coisa temo: a loucura que um momento na minha vida me consinta a alegria horrível de pensar que ainda sou amada e feliz; ou a morte repentina que me arrebate a consolação única que Deus concede aos grandes culpados: a liberdade de sofrer. Mas ele… O seu nome descoberto! o seu cadáver profanado! o seu segredo traído!…

E falando, como num sonho, abstratamente:

- Desventurado homem! que fatal destino o encaminhou

<< Página Anterior

pág. 172 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 172

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240