Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 31: CAPÍTULO IV

Página 173
para mim arremessando-o, de encontro ao meu coração, em que estava a sua morte? Porque não amou outras mulheres que o mereciam mais do que eu? Porque não se deixou amar por Carmen Puebla, que o adorava e que morreu por ele? Que cego, que imprudente, que desgraçado que foi!…

E escondendo a face nas mãos, desatou a chorar num choro convulso e desfeito, em que a vida parecia despedaçar-lhe o seio e jorrar para fora em borbotões de lágrimas e de soluços.

- Vamos, - disse-lhe eu quando esta crise abrandou, - serenemos um momento, e pensemos no que importa fazer. É então positivo que o conde está morto?

- O conde?… interrogou ela, erguendo-se de súbito e enxugando os olhos. Sim, tem razão, eu ainda lhe não disse tudo… O homem que eu matei não é meu marido.

E, postando-se em frente de mim, fitou-me com um olhar alucinado, e acrescentou com voz demudada e profunda:

- É o meu amante.

Em seguida ficou imóvel, esperando as minhas palavras na postura de um reu que vai escutar a sentença da boca de um juiz.

A sensação que experimentei ao ouvir essa confissão breve, seca, inesperada, foi a da surpresa primeiro, de uma instintiva repulsão depois. Ergui-me maquinalmente e dei alguns passos na casa. A condessa permanecia na mesma posição, numa insensibilidade que tanto podia ser a prostração do arrependimento como o cinismo da culpa. Eu estava surpreendido e revoltado. Aquela mimosa e pura estátua, à qual eu levantara quase um altar no meu coração, assim repentinamente baqueada num lamaçal, causava-me horror. Poderia suporta-la criminosa; não podia considerá-la prostituída. Medi-a com um olhar em que senti dardejar o desprezo que ela nesse momento me inspirava, e depois de um silêncio repassado de mágoa:

- É horrível isso!

Ela estremeceu, cerrou desfalecidamente os olhos e amparou-se vacilante ao espaldar de uma cadeira.

<< Página Anterior

pág. 173 (Capítulo 31)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 173

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240