A aventura desvanecia-se, tinha findado tudo.
O pobre morto, esse lá ficava, estendido no sofá, que lhe servia de sarcófago!
Achei-me só, na estrada. A manhã estava nevoada, serena, melancólica. Ao longe distinguia ainda a carruagem. Um camponês apareceu vindo do lado oposto àquele por onde ele desaparecia.
- Onde fica o Cacem?
- De lá venho eu, senhor. Sempre pela estrada, a meio quarto de légua.
A carruagem, pois, tinha-se dirigido para Sintra.
Cheguei ao Cacem fatigado. Mandei um homem a Sintra, à quinta de F., saber se tinham chegado os cavalos; pedi para Lisboa uma carruagem, e esperei-a a uma janela, por dentro dos vidros, olhando tristemente para as árvores e para os campos. Havia meia hora que estava ali, quando vi passar a toda a brida um fogoso cavalo. Pude apenas distinguir entre uma nuvem de pó o vulto quase indistinto do cavaleiro. Ia para Lisboa embuçado num a capa alvadia.
Tomei informações a respeito da carruagem que passara na véspera connosco.
Havia contradições sobre a cor dos cavalos.
Voltou de Sintra o homem que eu ali mandara, dizendo que na quinta de F. tinham sido entregues os cavalos por um criado do campo, o qual dissera que os senhores ao pé do Cacem, tinham encontrado um amigo que os levara consigo num a caleche para Lisboa. Daí a momentos chegou a minha carruagem. Voltei a Lisboa, corri a casa de F. O criado tinha recebido este bilhete a lápis: Não esperem por mim estes dias. Estou bom. A quem me procurar, que fui para Madrid.
Procurei-o debalde por toda a Lisboa. Comecei a inquietar-me. F. estava evidentemente retido. Receei por mim. Lembraram-me as ameaças do mascarado, vagas mas resolutas. Na noite seguinte, ao recolher para casa, notei que era seguido.
Entregar à polícia este negócio, tão vago e tão incompleto como ele é, seria tornar-me o denunciante de uma quimera.